segunda-feira, 27 de maio de 2013

Amor.


    Eu me sentei ao lado de uma avó com o seu neto no colo, outro dia no shopping. Eu me sentei ao lado dessa avó, porque eu morri de inveja do menino, quando ouvi que a avó cantava pra ele. Eu quis ter aquela idade, estar sentada naquela posição, no colo daquela avó. Daquela avó não, da minha avó. O que simplesmente é impossível: não tenho mais aquela idade, não caibo mais em colo nenhum e nem tenho mais a minha avó. Mas quando eu ouvi a canção de ninar que a senhora cantava, tudo o que eu quis foi sentar no colo da minha avó de novo, enterrar o rosto nos peitos dela e deixar que ela me embalasse. Fraqueza, não sei. Só sei que qualquer um que teve uma avó um dia – avó como foi a minha; ou como é aquela avó, avó que na minha cabeça é igual a amor – sentiria uma baita de uma inveja daquele garotinho. E mesmo o homem mais rico se sentiria muito miserável diante da riqueza de que o moleque dispõe. 

De 1º de Maio.

    Existe de fato uma conexão entre mim, Deus e as estradas, eu constatei. Foi quarta-feira passada, enquanto ia para o Rio de Janeiro – de onde pegaria um avião para Floripa – que eu me dei conta disso. Eu olhava o céu pela janela, e pouco a pouco, comecei a cantar uma música a Maria Santíssima. Quando vi, já era reza. Era reza porque quando o coração da gente – mesmo que a cabeça não queira – começa a conversar com Deus, vira reza. E era o meu coração que falava com ele. Não pedia dinheiro, nem casa, nem sonho realizado. Meu coração agradecia a imensa oportunidade que é encarnar nesse mundo de provas e expiações; implorava para que Ele – mesmo que em detrimento do meu próprio bem estar – zelasse pelo bem estar da minha mãe, lá em casa, lá onde o rio faz a curva... porque se for pra ocupar Deus, que seja com quem importa; e por fim, sussurrava baixinho que se cessasse essa brisa de solidão que sopra por aqui e me contemplasse com a glória de uma vida compartilhada. É feito agora: a gente começa pensando na vida, e quando percebe está em oração. No fim de tudo o pedido é um só: 
       “Dá uma mãozinha pra gente ser feliz, meu Deus?”.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Ah, se eu pudesse imprimir
numa folha de papel todo 
vazio que agora eu sinto.

Daria bom verso
se não poesia inteira. 

sexta-feira, 29 de março de 2013




É verdade:
A gente desembarca 
sozinho.
E depois, 
embarca novamente,
sozinho.

Mas não há porquê para
não criar laços na estação. 


segunda-feira, 25 de março de 2013

Da saudade

Gabriel García Márquez diz
que todo escritor está 
sempre reescrevendo o mesmo livro. 
Perguntaram-lhe, então,
qual seria o seu livro?
Ele respondeu: 
O livro da solidão.

Pego carona, 
me meto a besta e digo:
Eu, de minha parte, 
estou sempre reescrevendo 
o livro da saudade. 

02-03-2013

Vou morrer amanhã.

Vou morrer,
mais uma vez, 
para renascer. 
Como em 
03-03-94.

Saúde e felicidade, Lara:
É tudo o que se precisa.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013