Hoje estou com saudade.
Saudade da minha melhor amiga na infância
[que era a Ranger rosa e eu, a amarela].
Saudade de comprar biscoito no caminho para a escola,
e de caminhar para a escola, todos os dias, de mãos dadas com o meu pai.
[desejando que me aceitassem na Mansão X].
Saudade da minha avó. Linda a minha avó, sabia? Tinha o abraço mais carinhoso do mundo, as unhas vermelhas mais bonitas do mundo, e o cheiro de alho mais gostoso do mundo.
[o que fazia dela a melhor avó do mundo, no meu mundo].
Saudade de achar que sabia tudo e que havia pouco a saber.
Saudade de caber no colo da minha mãe, de poder me esconder no colo do meu padrinho e de quebrar os pratos.
[como eu queria ter idade e imaturidade de novo para quebrar os pratos quando não pudesse mais falar, tamanha tristeza].
Saudade de sonhar em ser bailarina, de achar que a Rússia era ali do lado e me perguntar o porquê de nunca ter visto uma baleia na praia.
Saudade de adorar as baleias, mas querer mesmo era ser passarinho.
[que passarinho pode ir aonde quiser].
Saudade daquela sensação boa de escrever um poema que me invadiu há alguns minutos, e agora já se foi.
Acho que a Marcella tem razão e eu sou mesmo melancólica.